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Espantalhos no Japão

Olhando esta imagem, vemos um casal pescando, certo? Sim, porém são feitos de papel, bambus, roupas não mais utilizadas: espantalhos!
Em qualquer canto do Japão existe muita cultura, de longos anos e significados, principalmente religiosos.
Ocultos ao longo do tempo se confundem na atual realidade: tradição versus tecnologia, envelhecimento versus solidão, sempre observando a preservação ecológica.
Primavera, época das flores ornamentais, dos grãos e trigo e também o melhor período de plantio.
Com elas vem também os pássaros que, belos e harmoniosos em suas canções, se alimentam das plantações.
Os pássaros são necessários e responsáveis pela multiplicação de espécies vegetativas, mas alguns e, em determinados momentos, danificam lavouras.
Pardais, pombas, corvos, cervos e javalis são alguns dos animais que agricultores querem afastar de suas plantações, pois causam grande prejuízo.
 Chamado de toriodoshi, tiras com brilho ou balões são usados para espantar pássaros.
Em linguagem eco, utilizam-se de garrafas pet por produzir barulho e girar de acordo com o vento. Latinhas de alumínio, os antigos CD são usados devido ao brilho, que ofuscam as vistas e espantam os animais.
Com a economia em baixa, outros itens tem sido utilizados para espantar os pássaros. A idéia não é exterminar e sim, espantar.


É comum ver objetos que afastem esses pássaros - a princípio predadores - e espantalhos  muito bem caracterizados.
Pouco ou nada eficaz, figuras de espantalhos - velhos hábitos rurais - voltaram nos dourados campos de arroz e outras plantações.
Existe uma teoria de que os espantalhos, em épocas passadas - eram feitos de carnes de animais selvagens assadas e que o mau cheiro espantavam os pássaros.
Hoje os espantalhos são feitos de folhas de jornais, roupas e acessórios em desuso, bambu e palha.
Criativos, às vezes confundem, pela fiel reprodução de um ser humano em atividade.




O "anjo da guarda" dos agricultores é relatado em um antigo livro, o "Kojiki", como deus da agricultura e também do conhecimento e sabedoria, o kuebiko.
Kuebiko é um deus, ou divindade xintoísta, representado por um espantalho, que declinou exposto na chuva e no vento. Em algumas regiões são considerados deuses da montanha, ou objeto de habitação dos deuses, assim como são muitas árvores sagradas, animais, rochas, em santuários.

Shishiodoshi é um dispositivo feito de bambu, onde existe água corrente, muito usado para espantar veados, muito embora atualmente seja decoração em alguns jardins japoneses. No vídeo abaixo, um grande shishiodoshi, embora não seja feito de bambu, apenas para exemplificar como funciona e o barulho gerado pelo impulso dado pela força da água, aos 3min14seg:


Visando transmitir melhoria para promover a proteção ambiental, vários festivais com concursos de espantalhos são realizados no arquipélago, especialmente nas áreas agrícolas, em campos de arroz ou com trabalhos expostos em rodovias ou nos stands, nas diversas províncias do Japão.




Os festivais e concursos acontecem de agosto a novembro no arquipélago, em regiões agrícolas.
Denominado koshōgatsu, o primeiro festival da lua cheia, acontece no dia 10 de outubro, após a colheita, ocasião em que os espantalhos são colocados nos jardins das casas. É quando se agradece pela colheita e os deuses voltam para a montanha.

Os espantalhos ainda servem como decoração. 

Abaixo, os famosos espantalhos de Shirakawa-gō.
O cineasta alemão Fritz Schumann produziu um documentário denominado "Vale das Bonecas".
O vídeo mostra espantalhos da aldeia de Nagoro, em  Miyoshi, Tokushima, na ilha de Shikoku, reproduzidos/confeccionados por Ayano Tsukimi. Ela reproduz, há 10 anos, bonecos das pessoas que partem ou se mudam do local, com as fisionomias em seus momentos sadios. Casada, o marido e a filha vivem em Osaka. Ela já fez cerca de 350 espantalhos.

Valley of Dolls from Fritz Schumann on Vimeo.

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Comentários

BLOGZOOM disse…
Querida Leh,

Achei maior graça! muito legal!

Aproveito para desejar um Feliz Natal e maravilhoso 2015.

Bjs

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